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Se o seu filho estiver a gaguejar
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- Categoria: APG
- Publicado: 01 Dezembro 2016
Será gaguez?
Se o seu filho tem dificuldade em falar, com tendência para hesitar nas palavras ou repetir algumas sílabas, palavras ou frases, ele pode ter um problema de gaguez. Ou, pode simplesmente estar a passar por um período de disfluência normal, pelo qual algumas crianças passam quando começam a falar. Este panfleto irá ajudá-lo a compreender melhor a diferença entre a gaguez e as disfluências normais do desenvolvimento da linguagem.
A criança e as disfluências normais do desenvolvimento
1. A criança que apresenta uma disfluência normal do desenvolvimento, repete ocasionalmente sílabas ou palavras, uma ou duas vezes, a-a-assim. As disfluências podem incluir hesitações e o uso de interjeições ou sons, tais como “hum”, “aaaaa”.
2. As disfluências ocorrem mais frequentemente entre o 1 ano e meio e os 5 anos de idade e têm tendência para desaparecer.
São normalmente um sinal de que a criança está a aprender a usar a linguagem. Se as disfluências desaparecerem durante várias semanas e depois voltarem pontualmente a aparecer, significa apenas que a criança está a desenvolver a sua linguagem.
A criança com gaguez de nível ligeiro
1. A criança que apresenta uma gaguez ligeira repete os sons mais do que duas vezes. a-a-a-a-assim. A presença de tensão pode ser evidente nos músculos faciais, especialmente em torno dos lábios
2. O tom da voz pode aumentar ligeiramente com as repetições e, ocasionalmente, a criança poderá apresentar um “bloqueio”, isto é, a interrupção do fluxo de ar ou da voz por alguns segundos.
3. As disfluências podem aparecer e desaparecer, mas agora estão presentes mais frequentemente, do que ausentes.
4. Repetições sem esforço ou prolongamento de sons sem tensão, são a forma mais saudável de gaguez. Qualquer coisa que ajude o seu filho a gaguejar desta forma será de grande ajuda, sendo melhor do que gaguejar de forma tensa ou evitar palavras trocando-as por outras.
Como ajudar imediatamente
Tente dar o exemplo, falando calma e descontraidamente com o seu filho, e encoraje os outros membros da família a fazerem o mesmo. Não fale tão devagar que pareça anormal, mas mantenha o seu discurso sem pressa e com muitas pausas.
Falar de forma lenta e descontraída pode ser muito eficaz, quando combinado com alguns minutos por dia onde acriança tenha toda a atenção de um dos pais. Reserve alguns minutos em horário regular, para não fazer mais nada para além de ouvir o seu filho e compreende-lo.
Quando o seu filho falar consigo ou lhe fizer uma pergunta, tente fazer uma pausa de 1 segundo ou mais, antes de lhe responder. Isso ajudará a tornar a fala menos apressada, mais descontraída.
Tente não ficar triste, aborrecido, chateado ou nervoso quando a gaguez aumenta. O seu filho está a fazer o seu melhor; ele está a aprender e a desenvolver muitas competências, todas ao mesmo tempo.
Mostrar uma atitude de tolerância, aceitação e compreensão, vai ajudar muito o seu filho.
- Se o seu filho ficar triste ou frustrado quando gagueja, tranquilize-o.
Algumas crianças reagem bem quando ouvem os pais dizer: “Eu sei que às vezes é difícil falar… isso acontece a muita gente, muitas pessoas ficam com as palavras presas quando falam….mas não faz mal”. Outras crianças reagem melhor a uma festinha ou a um abraço quando se sentem frustrados.
A criança que apresenta uma gaguez mais grave
1- Se o seu filho gagueja em mais de 10% do seu discurso, gagueja com esforço e tensão considerável, ou evita gaguejar alterando palavras e usa sons extra para falar, então será importante fazer o tratamento com um especialista em gaguez.
Nesta etapa, bloqueios completos de fala são mais comuns o que repetições e prolongamentos, e as disfluências tendem a estar presentes na maioria das situações de fala
Superar a gaguez é muito mais uma questão de perder o medo de gaguejar, do que tentar parar de gaguejar à força!
2- As sugestões para os pais de crianças com gaguez ligeira, também são válidas para as crianças com gaguez mais avançada. Lembre-se que falar de forma calma e descontraída é muito mais eficaz do que dizer à criança para falar mais devagar.
3- Não tenha medo de falar com o seu filho sobre gaguez. Mostre tranquilidade e compreensão ao falar sobre o assunto.
Dicas para falar com o seu filho
Os especialistas concordam que a maior parte das crianças que gaguejam têm benefícios em ter tempo para falar a uma velocidade ou ritmo que promova a sua fluência. Estas orientações representam várias formas de como os adultos podem ajudar.
1- Fale com o seu filho de forma descontraída e com pausa frequentes. Após o seu filho terminar de falar, aguarde alguns segundos antes de lhe responder. Dar o exemplo com o seu próprio discurso descontraído será muito mais eficaz do que qualquer outro conselho como “fala mais devagar” ou “diz outra vez”.
2- Reduza o número de perguntas que faz ao seu filho. Em vez de fazer perguntas, experimente fazer apenas um comentário sobre o que o seu filho disse.
3- Use as suas expressões faciais e linguagem corporal para transmitir ao seu filho que está atento ao conteúdo da mensagem e não à forma como ele está a falar.
4- Reserve alguns minutos por dia, numa hora habitual, para dar toda a sua atenção ao seu filho. Este momento calmo e tranquilo pode promover a confiança nas crianças mais novas.
5- Ajude todos os membros da família a esperar pela sua vez de falar e a ouvir os outros. Para as crianças é muito mais fácil falar quando existem poucas interrupções.
6- Observe a forma como você interage com o seu filho. Tente aumentar aqueles momentos que transmitem ao seu filho a mensagem de que você o está a ouvir e que ele tem muito tempo para falar.
7- Acima de tudo, mostre que aceita o seu filho tal como ele é. A força mais poderosa de todas será mostrar que o apoia de forma incondicional, quer ele gagueje ou não.
Compilado por Barry Guitar, Ph.D., Universidade de Vermont, e por Edward G. Conture, Ph.D., Universidade de Vanderbilt.
Traduzido e adaptado por Elsa Margarido, Terapeuta da Fala.
Texto reproduzido com autorização da Stuttering Foundation of America ©
(clique na imagem para descarregar o pdf)
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